domingo, 3 de agosto de 2025

Coisa que me lembram quem eu sou

🌸 Coisas que me lembram quem eu sou🌸

Às vezes — na verdade, na maior parte das vezes — na correria do dia a dia, entre salas de espera de terapias, crises e preocupações, eu quase esqueço que existo para além da mãe.

Mas há pequenas coisas, quase escondidas, que me devolvem a mim mesma.

Aquela comédia romântica que já perdi as contas de quantas vezes assisti, num dia em que tudo parecia difícil demais.

O cheiro de baunilha dos meus perfumes favoritos. Eles me lembram que ainda gosto de me cuidar, mesmo quando tudo parece urgente demais.

O silêncio.

Ah, como aprendi a apreciar o silêncio.

Num mundo tão barulhento, tem dias em que só ele consegue me trazer paz e conforto.

Nas madrugadas em que o sono se perde e fico só com meus pensamentos, ali ninguém grita, ninguém precisa de mim.

Escrever.

Onde posso desabafar e transformar sentimentos, às vezes confusos demais, em palavras que me traduzem.

Ouvir aquela música antiga — aquela mesma, que antes não fazia tanto sentido, mas que agora se encaixa perfeitamente com a fase da minha vida.

Vestir o meu jeans e o meu All Star…

É como voltar a ser aquela garota que andava pelas ruas sonhando acordada, antes da vida exigir tanto.

Me faz lembrar que, apesar de tudo, ainda existe leveza dentro de mim.

Ainda sou mãe. E sou inteira nisso.

Mas sou também eu mesma, amiga de mim mesma, alguém que ama escrever, perfumes doces, ficar sozinha, e assistir filmes repetidos.

Essas pequenas coisas me lembram quem eu sou quando o mundo parece me esquecer.

E quando me lembro de mim, tudo ao redor fica um pouco mais leve.

Porque cuidar de mim — mesmo nos detalhes — também é uma forma de cuidar de tudo.


quinta-feira, 31 de julho de 2025

A maternidade que me atravessou



🌻A maternidade que me atravessou🌻

Eu não fui preparada para ser essa mãe.
Não se aprende, em nenhum lugar, a ser mãe de um filho que não se encaixa nos moldes do mundo.
Tudo o que eu achava que sabia sobre o amor, sobre cuidado, sobre ser forte… foi redesenhado.
A maternidade atípica me atravessou como um raio — um susto de luz e caos.
Me queimou por dentro e por fora.
Mas também iluminou partes minhas que eu jamais teria conhecido.

Ser mãe de um filho que precisa tanto de mim, e ao mesmo tempo não consegue me dizer isso com palavras simples, me obrigou a escutar com outros sentidos.
A ver além do visível.
A amar com uma força que nem eu sabia ter.
E às vezes, com uma exaustão que não tem nome.

Há dias em que me sinto perdida, sozinha, cansada demais.
E em outros, bastam os olhos dele brilhando por algo pequeno — uma conquista, um gesto, um instante — para eu lembrar que estou no caminho certo, mesmo tropeçando.

Antes, eu achava que amar era proteger, conduzir.
Hoje eu sei que amar também é resistir, recuar, ceder, silenciar.
Amar é tentar de novo — mesmo quando tudo falha.

A maternidade atípica me deu uma nova linguagem.
Feita de olhares, de cheiros, de rotinas que só nós entendemos.
Ela me ensinou a desacelerar, a valorizar as vitórias invisíveis aos outros,
e a enxergar beleza onde o mundo só vê estranheza.

Eu não sou a mesma mulher de antes.
Aquela se foi — junto com as certezas.
Hoje, sou feita de perguntas, de tentativas e de amor.
Amor bruto, imperfeito, imenso.
Que me muda todos os dias.
Que me ensina que há força na vulnerabilidade
e coragem em continuar, mesmo sem garantias.

Essa é a minha maternidade.
Nem sempre bonita.
Mas sempre real.
E cheia de amor — do nosso jeito.



quarta-feira, 30 de julho de 2025

Memórias de mim

 🌹Memórias de mim🌹


Entre páginas em branco, e sussurros no vazio escrevo o que transborda.

Este espaço é feito de lembranças sutis, pensamentos que não se encaixam no mundo corrido e sentimentos guardados como cartas antigas.

Em cada palavra, deixo um rastro do que fui, do que sou e do que ainda estou descobrindo ser.
Aqui, memórias se entrelaçam com poesia, dor se transforma em beleza e o cotidiano ganha um tom de eternidade.

Seja bem-vindo(a) às minhas memórias — talvez, em alguma delas, você se encontre também.

Mas antes de seguir, confesso: pensei em apagar as postagens antigas e começar do zero.

Mesmo confusas e, talvez, um pouco vergonhosas, elas são parte de quem eu fui.

Foram escritas num tempo em que tudo era difícil demais de compreender.

Nunca fui boa de me expressar, e ali eu apenas… tentava.

Não era bonito, mas era verdadeiro — e isso também faz parte das memórias de mim.


Não que hoje tudo esteja resolvido. Ainda é difícil, às vezes.

Mas com o tempo, aprendi a lidar com certas partes de quem eu sou.

Sempre senti demais — talvez agora eu comece a entender o porquê de sempre me sentir tão diferente do resto.

Nunca me encaixei. E, no fundo, continuo não me encaixando.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Quando tudo virou amor


🌾Quando tudo virou amor 🌾

Parar pra analisar tudo o que tem acontecido…é como tentar segurar o vento com as mãos.

Dá um nó na cabeça, no tempo, no coração.
A vida muda tão rápido — e muda tudo.
As certezas, os planos, quem a gente é.

A ficha foi caindo devagar,
como se eu estivesse acordando de um sonho que não escrevi.
Me vi tentando entender o que antes eu nem imaginava.
E, de repente, nada fazia mais sentido —
exceto você.

Já fazia alguns meses que o Ian tinha nascido.
E mesmo com o mundo em silêncio, confuso, cansado,
eu sabia:
eu já não saberia mais viver sem ele.

No meio da exaustão, do medo, das dúvidas,
um amor imenso foi crescendo em mim.
Não aquele amor idealizado — fácil, leve —
mas um amor de carne e alma,
feito de entrega, renúncia e descoberta.

Foi ali, nos dias mais difíceis,
que eu entendi o que é amor de verdade:
aquele que não desiste, que aprende a escutar no silêncio,
que reaprende a cada olhar, a cada gesto pequeno.
Um amor que me tirou do eixo,
mas me mostrou outro centro —
e ele, agora, tem nome.

O nome dele é Ian.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nascida do inverno

Nascida do Inverno

Nascida do inverno,
ela invade sua vida sem deixar marcas.
Chega e se vai sem ser percebida —
e você nem nota.

Nascida do inverno,
ela ainda tem fé.
Pura e singela,
ainda reza
em meio à destruição.

Enquanto ela chora,
todos riem, sem nem notar.
Em meio à destruição,
você fecha os olhos
e pode senti-la.

Num mundo perdido,
sem salvação,
você grita —
e ninguém vem segurar sua mão.

Mas ela…
Nascida do inverno,
ainda acredita em você.

Suas lágrimas caem
enquanto ela reza.
Sua doce presença,
muitas vezes, nunca é notada.
Mas ela está aqui.
Acreditando em um final feliz.

O essencial que ainda habita

 *O essencial que ainda habita*

Que eu viva —
e reviva —
a cada instante.
Pois me descubro
a cada novo tempo,
mesmo estando adormecida.

Eu quero que vivas em mim,
assim como vivo em ti.
E que, em cada desesperança,
encontres em mim uma nova chance.

Sou um teatro sem plateia,
uma vida sem comédia,
um drama circunstancial...

Mas sei que em mim ainda habita o essencial.
Me mostro ocasional,
me finjo de intelectual,
mas no fundo —
sou um ser irracional
com um pouco de sanidade
vivendo nessa sociedade

...onde o errado parece certo,
e todo mundo finge estar perto
daquilo que sempre desejou.

Uma vida sem amor,
sem algo a se opor.
Fingindo não ver,
tentando esquecer,
não querendo perceber —
talvez pra não sofrer.

Mas se você,
ao menos,
quisesse ver...
talvez pudesse entender.

Eu,
que tanto tenho a dizer,
às vezes me calo
pra não ser rejeitado.

Sou um ser
sem identidade,
vivendo de vontades,
me escondendo da dor —
sem saber que minha alma
só procura por amor.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Quando não é o bastante



Quando Não É o Bastante

Quando muito não é o bastante,
as consequências te assustam —
mas você não sabe quando parar.
Tem medo do que pode encontrar,
e ainda assim se entrega,
sem saber o que está por vir.

Quando muito não é o bastante,
você se esquece de tudo o que conquistou.
Nada tem valor.
Porque está ocupado demais procurando algo novo,
algo que te faça sentir diferente
de tudo o que já sentiu.

É um caminho sem volta.
E no fim,
você só tem a si mesmo.
Num lugar onde ninguém mais pode te encontrar.

Você tem medo das consequências.
Mas não sabe como parar.
Se entrega ao imediatismo cego,
em busca de um novo impulso,
de uma fagulha,
de qualquer coisa que te lembre
que ainda está vivo.

Mas foi você quem fez suas escolhas.
E agora, não tem como voltar.
Não tem como se arrepender.
É um caminho sem retorno.

E, pra você,
nunca é o bastante.

Coisa que me lembram quem eu sou

🌸 Coisas que me lembram quem eu sou🌸 Às vezes — na verdade, na maior parte das vezes — na correria do dia a dia, entre salas de espera de ...