🌻A maternidade que me atravessou🌻
Eu não fui preparada para ser essa mãe.
Não se aprende, em nenhum lugar, a ser mãe de um filho que não se encaixa nos moldes do mundo.
Tudo o que eu achava que sabia sobre o amor, sobre cuidado, sobre ser forte… foi redesenhado.
A maternidade atípica me atravessou como um raio — um susto de luz e caos.
Me queimou por dentro e por fora.
Mas também iluminou partes minhas que eu jamais teria conhecido.
Ser mãe de um filho que precisa tanto de mim, e ao mesmo tempo não consegue me dizer isso com palavras simples, me obrigou a escutar com outros sentidos.
A ver além do visível.
A amar com uma força que nem eu sabia ter.
E às vezes, com uma exaustão que não tem nome.
Há dias em que me sinto perdida, sozinha, cansada demais.
E em outros, bastam os olhos dele brilhando por algo pequeno — uma conquista, um gesto, um instante — para eu lembrar que estou no caminho certo, mesmo tropeçando.
Antes, eu achava que amar era proteger, conduzir.
Hoje eu sei que amar também é resistir, recuar, ceder, silenciar.
Amar é tentar de novo — mesmo quando tudo falha.
A maternidade atípica me deu uma nova linguagem.
Feita de olhares, de cheiros, de rotinas que só nós entendemos.
Ela me ensinou a desacelerar, a valorizar as vitórias invisíveis aos outros,
e a enxergar beleza onde o mundo só vê estranheza.
Eu não sou a mesma mulher de antes.
Aquela se foi — junto com as certezas.
Hoje, sou feita de perguntas, de tentativas e de amor.
Amor bruto, imperfeito, imenso.
Que me muda todos os dias.
Que me ensina que há força na vulnerabilidade
e coragem em continuar, mesmo sem garantias.
Essa é a minha maternidade.
Nem sempre bonita.
Mas sempre real.
E cheia de amor — do nosso jeito.